segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Avicultores alternativos da Paraíba podem ter selo de qualidade em 2018

O selo é regido por uma nova norma que foi imposta pelo MAPA e está sendo ofertado aos produtores da Paraíba pela Associação Brasileira de Avicultura Alternativa
 
Cerca de 800 avicultores alternativos ou de frangos caipiras da Paraíba poderão ser beneficiados com o selo de qualidade da Associação Brasileira da Avicultura Alternativa (Aval) a partir de 2018. A diretora técnico-científica da Aval, Miwa Yamamoto, esteve no estado na visita de um grupo de gestores do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul na última semana e, segundo ela, os registros devem ser encaminhados pelos cooperados e associados do Estado até início do ano.

“É um selo de empresa associada à Aval. Primeiro, eles têm que se associar à Aval, ano que vem. Depois, eles passarão por uma capacitação sobre a norma, que será Lei em breve, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Por último, para conseguir o selo, eles passarão por uma auditoria. Quando eles conseguirem este selo, que todo o processo der certo, eles passam a ter a qualidade da avicultura alternativa nos produtos”, comentou.

Cerca de 70 representantes governamentais, de institutos parceiros, além dos produtores, estiveram presentes na reunião na sexta-feira (24), na agência do Sebrae em Monteiro. Miwa veio orientar os gestores públicos a seguirem os novos caminhos legislativos da avicultura e conheceu as experiências com a atividade. Além de Campina, ela visitou os projetos de Queimadas, Caturité, Pocinhos, Sumé e Monteiro. A diretora da Aval explicou que a norma é parte de um sistema de certificado enquanto o Mapa não valida a nova Lei.

“É bom deixar claro que a Aval não é certificadora. Nós estamos fazendo isso, nos adiantando com alguns polos produtores do Brasil, para começarmos a capacitar os avicultores com essa parte legislativa, que é muito importante para ter acesso a mercados mais distantes e ser competitivo com a qualidade exigida no Brasil”, ressaltou, dizendo que depende dos avicultores o tempo que eles farão isso, mas que é possível agilizar tudo em 2018.  

Para a Aval, a Paraíba é uma referência na avicultura alternativa, não só em termos de produção, mas com legislação e apoio institucional para o desenvolvimento sustentável. “Isso tudo, com certeza, é o Sebrae e o professor Vicente de Assis Ferreira que estão articulando o somatório de vários atores e conseguindo os resultados. Muita gente conhece esse movimento na Paraíba. Existem produtores que têm qualidade nos produtos, uma gestão do Estado comprometida com essa atividade. Uma das maiores necessidades era a deste abatedouro de aves viabilizar logo as vendas para a avicultura”, concluiu.

O secretário de Estado da Agricultura, Rômulo Montenegro, se comprometeu a entregar o equipamento em março de 2018. Ele esteve presente pela primeira vez num encontro com os produtores do Cariri e fez o levantamento da situação atual da atividade no Estado, parabenizando a todos pelo ótimo desempenho econômico. Conforme o gestor do projeto Sertão Empreendedor do Sebrae Paraíba, João Bosco da Silva, a visita foi boa para os avicultores e para o Sebrae, que promoveu o primeiro encontro dos avicultores do Cariri com o secretário.

Já a prefeita de Monteiro, Ana Lorena Nóbrega, disse que acredita e incentiva os interesses que envolvem o conhecimento. “Que nós possamos aprender sempre com os que nos visitam, mas que possamos ensinar algo que talvez seja só nosso, que é a nossa forma de trabalhar a avicultura alternativa. É a segunda visita que recebemos nesta gestão, de pessoas que vêm conhecer alguma prática nossa. Trabalhamos para incentivar cada vez mais essas ações”, disse.

 Resultados – Os beneficiados com os resultados da visita foram também os gestores do Sudeste e do Sul do Brasil, que vieram observar todo este trabalho. O vice-prefeito de Santo Augusto (RS), Marcelo Both, disse que já começou o planejamento de instalar em seu território a atividade. Outro representante do poder público que participou da visita foi o da Secretaria de Agricultura de Casimiro de Abreu (RJ), Israel Felipe. “A prefeitura da nossa cidade tem tentado ajudar a agricultura, como tem dado total apoio a cadeia produtiva da mandioca ou do aipim. Mas temos as condições favoráveis para instalar essa atividade na nossa região e agradecemos à Paraíba pelas boas lições, valorosas, que nos foram passadas esse dias”, falou. Damião Freitas é um dos avicultores de Monteiro, ligado à Cooperativa de Avicultores de Galinha Caipira e Agricultura Familiar do Estado da Paraíba LTDA (Coopeaves), que está em destaque atualmente. Ele possui uma propriedade com capacidade para 2200 aves. Começou na atividade em 2002, com o frango de corte. Há dois anos, porém, ele trabalha também com postura, ou produção de ovos. A renda parece boa ao produtor, que chega a R$ 2.500/mês, líquido, com meses arrecadando até mais que isso, chegando até R$ 60 mil em alguns anos. Com os trabalhos desenvolvidos no projeto, ele pretende aumentar em 30% esse rendimento em um ano.


Cenário - O setor da avicultura caipira é destaque na Paraíba, como cadeia produtiva com 800 produtores associados de 37 associações e cinco cooperativas, abatendo 200 mil cabeças de aves por ano, segundo o conselheiro fiscal da Aval na Paraíba, Vicente de Assis Ferreira. Atualmente, o Estado possui 92% dos agricultores familiares trabalhando com a avicultura alternativa ou caipira. Assis afirmou que o produtor de aves caipiras consegue viver com mais de um salário mínimo na Paraíba. Quatro mil famílias vivem da atividade, o que dá mais de dois associados ou cooperados por família. Das cinco cooperativas existentes no Estado, três já são de avicultores caipiras. Eles criam o frango em semi-confinamentos, onde as aves e ovo da galinha caipira são melhores do que o frango criado no sistema industrial. O projeto do Sebrae Paraíba atende atualmente dez cidades do Agreste e Cariri. Já foi implantado um abatedouro, na cidade de Monteiro, que abate cerca de três mil aves num dia, além de associações e cooperativas de produtores, inclusive com orientação e capacitação.

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