O selo é regido por uma nova norma que foi
imposta pelo MAPA e está sendo ofertado aos produtores da Paraíba pela
Associação Brasileira de Avicultura Alternativa
Cerca de 800 avicultores alternativos ou de
frangos caipiras da Paraíba poderão ser beneficiados com o selo de qualidade da
Associação Brasileira da Avicultura Alternativa (Aval) a partir de 2018. A
diretora técnico-científica da Aval, Miwa Yamamoto, esteve no estado na visita
de um grupo de gestores do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul na última
semana e, segundo ela, os registros devem ser encaminhados pelos cooperados e
associados do Estado até início do ano.
“É um selo de empresa associada à Aval. Primeiro,
eles têm que se associar à Aval, ano que vem. Depois, eles passarão por uma
capacitação sobre a norma, que será Lei em breve, segundo o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Por último, para conseguir o
selo, eles passarão por uma auditoria. Quando eles conseguirem este selo, que
todo o processo der certo, eles passam a ter a qualidade da avicultura
alternativa nos produtos”, comentou.
Cerca de 70 representantes governamentais, de
institutos parceiros, além dos produtores, estiveram presentes na reunião na
sexta-feira (24), na agência do Sebrae em Monteiro. Miwa veio orientar os
gestores públicos a seguirem os novos caminhos legislativos da avicultura e
conheceu as experiências com a atividade. Além de Campina, ela visitou os projetos
de Queimadas, Caturité, Pocinhos, Sumé e Monteiro. A diretora da Aval explicou
que a norma é parte de um sistema de certificado enquanto o Mapa não valida a
nova Lei.
“É bom deixar claro que a Aval não é
certificadora. Nós estamos fazendo isso, nos adiantando com alguns polos
produtores do Brasil, para começarmos a capacitar os avicultores com essa parte
legislativa, que é muito importante para ter acesso a mercados mais distantes e
ser competitivo com a qualidade exigida no Brasil”, ressaltou, dizendo que
depende dos avicultores o tempo que eles farão isso, mas que é possível
agilizar tudo em 2018.
Para a Aval, a Paraíba é uma referência na
avicultura alternativa, não só em termos de produção, mas com legislação e
apoio institucional para o desenvolvimento sustentável. “Isso tudo, com
certeza, é o Sebrae e o professor Vicente de Assis Ferreira que estão
articulando o somatório de vários atores e conseguindo os resultados. Muita
gente conhece esse movimento na Paraíba. Existem produtores que têm qualidade
nos produtos, uma gestão do Estado comprometida com essa atividade. Uma das
maiores necessidades era a deste abatedouro de aves viabilizar logo as vendas
para a avicultura”, concluiu.
O secretário de Estado da Agricultura, Rômulo
Montenegro, se comprometeu a entregar o equipamento em março de 2018. Ele
esteve presente pela primeira vez num encontro com os produtores do Cariri e
fez o levantamento da situação atual da atividade no Estado, parabenizando a
todos pelo ótimo desempenho econômico. Conforme o gestor do projeto Sertão
Empreendedor do Sebrae Paraíba, João Bosco da Silva, a visita foi boa para os
avicultores e para o Sebrae, que promoveu o primeiro encontro dos avicultores
do Cariri com o secretário.
Já a prefeita de Monteiro, Ana Lorena Nóbrega,
disse que acredita e incentiva os interesses que envolvem o conhecimento. “Que
nós possamos aprender sempre com os que nos visitam, mas que possamos ensinar
algo que talvez seja só nosso, que é a nossa forma de trabalhar a avicultura
alternativa. É a segunda visita que recebemos nesta gestão, de pessoas que vêm
conhecer alguma prática nossa. Trabalhamos para incentivar cada vez mais essas
ações”, disse.
Resultados
– Os beneficiados com os resultados da visita foram também os gestores do
Sudeste e do Sul do Brasil, que vieram observar todo este trabalho. O
vice-prefeito de Santo Augusto (RS), Marcelo Both, disse que já começou o
planejamento de instalar em seu território a atividade. Outro representante do
poder público que participou da visita foi o da Secretaria de Agricultura de
Casimiro de Abreu (RJ), Israel Felipe. “A prefeitura da nossa cidade tem
tentado ajudar a agricultura, como tem dado total apoio a cadeia produtiva da
mandioca ou do aipim. Mas temos as condições favoráveis para instalar essa atividade
na nossa região e agradecemos à Paraíba pelas boas lições, valorosas, que nos
foram passadas esse dias”, falou. Damião Freitas é um dos avicultores de
Monteiro, ligado à Cooperativa de Avicultores de Galinha Caipira e Agricultura
Familiar do Estado da Paraíba LTDA (Coopeaves), que está em destaque
atualmente. Ele possui uma propriedade com capacidade para 2200 aves. Começou
na atividade em 2002, com o frango de corte. Há dois anos, porém, ele trabalha
também com postura, ou produção de ovos. A renda parece boa ao produtor, que
chega a R$ 2.500/mês, líquido, com meses arrecadando até mais que isso,
chegando até R$ 60 mil em alguns anos. Com os trabalhos desenvolvidos no
projeto, ele pretende aumentar em 30% esse rendimento em um ano.
Cenário
- O setor da avicultura caipira é destaque na Paraíba, como cadeia
produtiva com 800 produtores associados de 37 associações e cinco cooperativas,
abatendo 200 mil cabeças de aves por ano, segundo o conselheiro fiscal da Aval
na Paraíba, Vicente de Assis Ferreira. Atualmente, o Estado possui 92% dos
agricultores familiares trabalhando com a avicultura alternativa ou caipira.
Assis afirmou que o produtor de aves caipiras consegue viver com mais de um
salário mínimo na Paraíba. Quatro mil famílias vivem da atividade, o que dá
mais de dois associados ou cooperados por família. Das cinco cooperativas
existentes no Estado, três já são de avicultores caipiras. Eles criam o frango
em semi-confinamentos, onde as aves e ovo da galinha caipira são melhores do
que o frango criado no sistema industrial. O projeto do Sebrae Paraíba atende
atualmente dez cidades do Agreste e Cariri. Já foi implantado um abatedouro, na
cidade de Monteiro, que abate cerca de três mil aves num dia, além de
associações e cooperativas de produtores, inclusive com orientação e
capacitação.
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